Estávamos meu amigo e eu. Eu, meu amigo e mais uma dúzia de
garrafas vazias e meia dúzia quebradas. Eu, meu amigo, um cinzeiro tossindo,
coriza, doses, e garrafas.
Eu pergunto: “Qual é essa do amor?”. Ele, um cara guardado
por trás de uma barba de dar inveja até aos mais dos grisalhos e experientes,
me respondeu: “É um fanfarrão! Vou começar a entendê-lo como uma pessoa. Pessoa
hermafrodita. É um homem e uma mulher!”
Assim como eu, ele também tem feito das coisas suas
companheiras. Ou não, ele sempre foi mais inteligente, intelectual. Eu falo de
coisas, ele fala de literatura, sua nova amada amante. Eu fico com meus devaneios
alcoólatras.
Eu, um cara problemático e abandonado. Ela foi embora e na
mochila juntou tudo de forma amassada. Aquela mulher metódica, organizada,
passada, cheirosa, arrumada... Aquela mulher que não joga bituca no chão, que
tem os bolsos cheios de papel de bala. Essa mesma mulher juntou tudo que estava
pelo chão e pelas gavetas, e numa mochila abarrotada saiu pelo portão de casa
jurando não mais voltar, praguejando meu amor, e mais, dizendo que eu não sabia
amar, e por isso tinha dó de mim. ELA TEM DÓ DE MIM.
Esse amor, hermafrodita ou não, me golpeou pelas costas mais
uma vez, me derrubou mais uma vez na cara do gol, quando eu achava que a
partida era minha, era nossa!
Ela foi, e eu deixei. Não liguei, não chamei, não
amaldiçoei.
Ela foi porque ela quis. Se voltar, é porque ela quer. Eu
amo, por mais que duvide, eu amo. E meu amor é assim como eu, livre!
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