domingo, 19 de janeiro de 2014


Estávamos meu amigo e eu. Eu, meu amigo e mais uma dúzia de garrafas vazias e meia dúzia quebradas. Eu, meu amigo, um cinzeiro tossindo, coriza, doses, e garrafas.
Eu pergunto: “Qual é essa do amor?”. Ele, um cara guardado por trás de uma barba de dar inveja até aos mais dos grisalhos e experientes, me respondeu: “É um fanfarrão! Vou começar a entendê-lo como uma pessoa. Pessoa hermafrodita. É um homem e uma mulher!”
Assim como eu, ele também tem feito das coisas suas companheiras. Ou não, ele sempre foi mais inteligente, intelectual. Eu falo de coisas, ele fala de literatura, sua nova amada amante. Eu fico com meus devaneios alcoólatras.
Eu, um cara problemático e abandonado. Ela foi embora e na mochila juntou tudo de forma amassada. Aquela mulher metódica, organizada, passada, cheirosa, arrumada... Aquela mulher que não joga bituca no chão, que tem os bolsos cheios de papel de bala. Essa mesma mulher juntou tudo que estava pelo chão e pelas gavetas, e numa mochila abarrotada saiu pelo portão de casa jurando não mais voltar, praguejando meu amor, e mais, dizendo que eu não sabia amar, e por isso tinha dó de mim. ELA TEM DÓ DE MIM.
Esse amor, hermafrodita ou não, me golpeou pelas costas mais uma vez, me derrubou mais uma vez na cara do gol, quando eu achava que a partida era minha, era nossa!
Ela foi, e eu deixei. Não liguei, não chamei, não amaldiçoei.

Ela foi porque ela quis. Se voltar, é porque ela quer. Eu amo, por mais que duvide, eu amo. E meu amor é assim como eu, livre! 

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